Trabalho: para quê?

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Ouvimos com frequência frases como “O trabalho enobrece o homem”, “Trabalho faz bem para a saúde” etc., mas será que essa não é mais uma daquelas questões que repetimos sem nem ao menos pensar? Pois penso que sim!

Desde os gregos o trabalho sempre foi visto como algo menor, relegado aos escravos, pois envolvia esforços físicos. O ato de pensar, este sim, era nobre, o chamado ócio. No caso dos gregos este foi um dos motivos pelo qual não se interessavam por trabalhos experimentais que comprovassem suas teorias em Ciências Naturais, o que indubitavelmente também foi um problema. Na Idade Média e na Renascença estes ideais foram de alguma maneira preservados. Por exemplo, o monumental trabalho de Diderot, Montesquieu etc. na compilação de todo o conhecimento existente na época (com este propósito eles criaram a primeira enciclopédia) foi feito seguindo uma rotina de três etapas: de manhã cada um escrevia sua parte para a enciclopédia, à tarde dissertavam sobre o conteúdo produzido logo cedo e à noite dançavam e ouviam música, importantes para o corpo e mente. Para alguém acostumado a trabalhar ao menos 8h por dia e concordantes com as citações que abrem o texto, estes grandes pensadores seriam considerados outros vagabundos perdidos no mundo. E eles não seriam os únicos.

Vagabundos, malandros, aproveitadores… adjetivos tão comuns aos que aproveitam a vida. Aos artistas. Aos amantes do mundo.

Porém podemos nos questionar: eles vinham de elites da época, mas como era a vida do cidadão comum? Por mais absurdo que pareça, era muito menos voltada ao trabalho do que hoje. Um artesão tinha sua oficina no mesmo lugar em que morava, com flexibilidade para controlar seu trabalho, participando de alguns eventos e festivais, tabernas, almoço e jantar, além de não contarem com o grande benefício e malefício da  eletricidade (o que impede as 24 horas de trabalho).

Somente com a Revolução Industrial que isso mudou. E foi aí que surgiram essas expressões. Com a produção repetitiva e sem muita criatividade de uma fábrica, a linha de montagem, quanto mais se trabalhasse mais se produzia. Por exemplo, numa fábrica um trabalhador só precisaria dia-e-noite apertar parafusos sem pensar. Quanto mais fizesse isto, e mais rapidamente, mais produziria. É diferente do trabalho de um artesão, que envolve criatividade, idéia, concepção, e por isso mesmo precisa de tempo para reflexão e desenvolvimento. Para justificar esta lógica louca foram cunhadas expressões que valorizavam o pensamento industrial.

Felizmente esta fase acabou. Substituídas por robôs, cada vez menos pessoas trabalham em fábricas. Cada vez mais temos produtos personalizados e valorizamos o indivíduo. Isso implica que as pessoas estão indo trabalhar em serviços, produzindo ideias, conceitos, criatividade. É assim que a tecnologia funciona. E idéia não vem do trabalho exaustivo. Então por que trabalhar 8 horas por dia? Ou 6? Ou simplesmente por que é necessário querer trabalhar se você conseguir viver, sobreviver e ser feliz sem ele? Não vejo nada que justifique isso. Não entendo como o trabalho pode enobrecer o homem. Pode, sim, se você gosta dele, se você o faz sem sacrificar sua felicidade, seus interesses (afinal quantas pessoas ganham mais do que o tempo necessário para gastar o que recebem?). Portanto, isso não deve ser uma condição sinequanon para sermos felizes.

E por isso que acredito que devemos fortemente tirar o trabalho do foco de nossas vidas. Acabar com estes ditados. Enterrá-los. Deveríamos por outro lado focarmos no bem do indivíduo. Quando isto passar pelo trabalho, ótimo. Quando não, excelente. O que acham?

Abraços,

Búfalo

Por que a Natureza não produz mais carvão natural?

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Sempre me perguntei porque a produção de carvão, embora lenta, não continuava nos dias atuais. Estudamos que o processo de produção deste combustível fóssil ocorreu há milhões de anos, mas, por mais que o consumo deste seja intenso, deveria haver uma produção deste em taxa pequena, certo? Errado!

Algo não muito comentado é que a produção de carvão na Terra cessou por volta de duzendo milhões de anos atrás, mas por quê? Há 500 milhões de anos surgiu um novo de tipo de planta, com ligno-celulose, fundamental para que isto ocorresse. Mas não só: agora pesquisadores, através do estudo do genoma de fungos, descobriram que a capacidade de degração de madeira, ou seja, de plantas atuais, com ligno-celulose, surgiu neles por volta de 200 milhões de anos atrás. Ou seja, antes, por não haver ser vivo capaz de degradá-la, as madeiras ficavam ao léu, por longos períodos até serem encorbertas por massas de terra e darem origem a todo aquele processo de produção de carvão que já conhecemos. Esse processo lentíssimo, permitiu o surgimento deste tipo de combustível, mas desde então, não há mais produção de carvão.

O que mais me chama a atenção é como nos encaixamos neste processo evolutivo. Para os fungos é uma tremenda evolução, mas se eles tivessem evoluído um pouco mais cedo, o que seria de nossa Era Industrial? Talvez ainda não tivesse surgido, talvez demorasse um pouco, até que entrássemos direito em algo como a Segunda Revoluação Industrial. Quem sabe? Mas esses mesmo fungos estão presentes em vacas, no processo de digestão de material vegetal. Então sem essa evolução poderíamos ter carvão à vontade, porém… não vacas… Enfim, o tempo correto de toda a evolução nos permitiu construirmos a civilização atual, baseada em dois grandes produtos agora paradoxais, carvão e vacas.

Até,

Búfalo

Hipocrisia virtual?

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Algo que muito acho curioso é a hipocrisia virtual. Não que longe dela seja diferente, mas, acreditamos que, já que podemos usar máscaras, no ambiente não real não seremos hipócritas. Pelo contrário, é algo intrínseco. O outro pode não nos ver, mas nós sabemos quem somos.

Quem, como eu, não está cansado dessa profusão de “correntes” que aparecem em redes sociais, muitas vezes sem pedir nada, mas esperando para serem divulgadas? Afinal, o que mais lemos por aí são críticas ao nosso modo de viver, à corrupção, ao desmatamento desenfreado etc. O que isto muda? Absolutamente nada. É o famoso fala e não faz.

Já tentei questionar o porquê de compartilhar de forma tão pueril estas informações e só recebi reações um tanto sórdidas. Ora, mas não é muito fácil achar que isso é suficiente sem ninguém ter coragem para realmente fazer algo? Afinal, cedo ou tarde as atitudes deveriam tomar forma. Todaviam, se não dão certo, “não é de minha responsabilidade”.

Eu não me coloco longe disso. Não compartilho frases moralistas através do Facebook nem do Twitter. Nem por isso deixo de ser hipócrita. Apenas, ao assumir que seremos sempre hipócritas, em maior ou menos grau, acredito que seremos ao menos honesto. Só porque acho que o outro deve agir de tal modo não significa que eu mesmo deva ser assim. Ou será que sim? Afinal, eu sou diferente dos outros, eu estou preso à minha idiossincrasia, logo me julgarei de maneira diferente – talvez serei até mais rígido para comigo mesmo. Isso não é uma defesa de qualquer tipo de atitude abusiva, longe disso. Entretanto, embora persiga a mais nobre utopia de igualdade aceito o facto de termos nossas diferenças. Isto não contribuirá para um mundo mais tolerante?

Mas que somos hipócritas, sim, somos. E quanto mais usamos máscaras, mais me parece que ela torna-se mais forte, mais falsa, mais real.

Até,

Búfalo

Renascentismo! Todos querem, mas todos criticam

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Creio que neste ano não comecamos com muita sorte. Não porque temos uma interpretacão do futuro que nos reserva rancores e maus agouros. Não porque o politicamente correto nos impele a criticar os tempos modernos e fazendo juízo de valor até para o tamanho dos dedos dos pés, afinal, quem tem o primeiro pododáctilo menor que o segundo boa coisa não é, mas porque comecamos o ano sem Daniel Piza. Para quem não o conhece sugiro fortemente que conhecam seus trabalhos. Homem renascentista, desses que acreditam que o conhecimento está interligado e que, sim, é possível escrever e se dedicar a diversos assuntos.

Renascentista… vejamos bem, palavra esta tão na moda, mas que esconde uma enorme hipocrisia. Segundo o produtor de The Big Bang Theory, o público gosta dos enigmas e charadas apresentados ao final de cada episódio, algo muito comum na Idade Média. Frequentemente falam de uma volta relativa ao Renascimento, pois há uma tendência à interdiciplinaridade, a ter uma conhecimento menos especializado e  mais generalizado. Mas quantas das pessoas realmente incorporam estes hábitos em suas vidas? Vejo é muito preconceito quando um matemático resolve estudar neurologia para pesquisar modelos para o cérebro humano, tanto da parte de matemáticos quanto dos neurologistas. Vejo é muito preconceito quando falam que quem estuda Humanas precisa saber mais Física, Química e Matemática ou que engenheiro precisa ter uma formacao humana mais aprofundada.

É inegável constatar que os mais diversos conhecimentos estão se aproximando enormemente. Não é mais necessário trabalhar apenas em áreas correlatas. Mas, mesmo assim, me parece ser algo que ainda habita o Mundo das Idéias, afinal, quando alguém, próximo a você vem com uma formacao renascentista, ou nem isso, vem de uma das tantas áreas estereotipadas o que você faz? Segue o preconceito.

Esse, por exemplo, é um dos problemas da tecnologia. Vivemos numa era centrada no uso de computadores, tabletes, gadgets e tantos outros maquinários eletrônicos, mas os responsáveis por suas invencões costumam ser um dos mais tipificados possíveis (ao menos, claro que você trabalhe no Facebook, Google ou Apple). Mais, os que geram os conhecimentos básicos para aqueles, cada vez mais são escassos e recebem os piores salários. E, por sua vez, estes acabam a se fechar de tal modo que, a exemplo de passáros das ilhas Galápagos, apoiam a tese de que são suis generis.

Este é o nosso Neo Renascentismo?

Até,

Búfalo

Retrospectiva e tendências dos blogs

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Olá a todos!

Há muito venho pensando sobre o meu blog. Devem ter percebido que os posts escassearam, diminuiram, desapareceram, o conteúdo minguou e sempre mantive a promessa de retornar, porém, aparentemente, em vão. Nunca dera um fim.

Andei a refletir sobre o Não Ser ou Ser? e nesse tempo que passou vi muitas tendências serem extintas e outras surgirem. Isso representa um verdadeiro desafio para todos que gostam de escrever: não se pode mais blogar como antes, deve-se adaptar às novas possibilidades existentes, utilizar as facilidades de redes sociais, mais interatividade. Por isso, pouquíssimos blogs que surgiram com o Não Ser ou Ser? continuam em atividade e a maioria com conteúdo escasso.

Creio que um dos grandes problemas em se blogar hoje em dia é um certo amadorismo ainda existente. Pode-se facilmente separar entre estes blogs e os profissionais. Não digo sobre o tamanho. Não digo propriamente sobre o conteúdo. Mas sobre a forma. Por exemplo, a maioria dos blogs saem de lugar nenhum e chegam a nenhum lugar. Tentam, também, simplesmente noticiar fatos recentes, sempre atrasados e sem a confiabilidade de grandes portais.

Não me parece algo promissor. Manterei a proposta inicial do Não Ser ou Ser? que me parece mais atual do que nunca: tecer análise críticas sobre fatos habituais, promover discussões e debates mais aprofundados. Grandes portais podem ser rápidos, mas não conseguem ainda preencher a lacuna de sair da superficialidade.

Isso não significará que quero ser grande. Longe disso, sei o desafio que é. Mas tentarei ser único, algo totalmente possível.

Para isso, pretendo inicialmente manter posts mensais. Estarei reformulando inteiramente o blog. Alterei o Categorias para tornar a busca mais rápida. Exclui links do Blogroll que há muito não funcionam (espero que não tenha removido algum erroneamente, me avisem), alterei o layout. E as mudanças ainda não estão concretizadas. Pretendo testá-las até encontrar a forma mais prazerosa para os que acompanham este blog.

Retirei a seção de Prêmios, uma vez que era algo muito interessante mas que não vingou. Em geral, os prêmios andavam em círculo vicioso entre os membro dos Blogrolls, o que removia um pouco a proposta dos mesmos. Hoje em dia acabou a moda de premiações, selos e memes e, por isso mesmo, acabei com esta categoria. Mantive, no entanto, os posts respectivos. Sou muito grato por isso tudo e confesso que repetiria, mas para andarmos para frente precisamos mudar.

Podem estar a se perguntar porque não crio um blog novo? Verdade, seria muito mais fácil, ainda mais porque este blog é pequeno. É muito fácil criar novos perfis, novas identidades, novos blogs. O prazer de ter um blog mais antigo, de confrontar com os estilos anteriores, de ser comparado com o que se era, me parece muito mais agradável. Assim, manterei este blog.

E pelo devem ter percebido por aqui, não consigo seguir a tendência de 144 caracteres. Procurarei manter a franqueza de pensamento e aliar as qualidades anteriores a todo o novo que aprendi neste período sem postar.

Espero que os antigos leitores gostem desta reformulação do Não Ser ou Ser?. Estarei sempre aberto a comentários, discussões, sugestões e críticas. E, aos novos leitores, sejam bem-vindos.

Desejo a todos um ótimo Ano-Novo.

Até,

Búfalo

Contato

Atualizei a página de contatos. Agora, além de contar com meu email, tem também um formulário de contato. Se estiverem com preguiçar de ir até o email só para mandar uma mensagem, tudo está mais fácil.

E para que uma página de contatos? Não sei, sei lá podem deixar um Feliz Natal ou qualquer outra coisa. Reclamar daqui. E, até, claro, para conversar.

Quero ver se tiro um pouco do pó que se acumulou por lá(^^), acredito que seja um dos lugares mais empoeirados daqui.

Até mais,

Búfalo

Animação

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Digam-me o que acham de começar a postar vídeos por aqui. No Vimeo é possível encontrar ótimos vídeos, em qualidade HD e muito bem feitos, basicamente profissionais. Pensei em compartilhar alguns com vocês. O vídeo abaixo traz uma animação muda do Simon Russell  interessante. Acredito que não valha comentar sobre, portanto apenas deixarei o vídeo (assitam em tela cheia que fica melhor).

Digam o que acharam.

Até mais,

Búfalo

Enfim neva

Até por aqui a neve apareceu. Como ficou bonito. Pena que não posso ficar a montar bonecos de neve, guerras de neves e coisas do gênero. Também espero que não passe por aqui alguma tempestade fustigante. Já imaginaram estas pedras gélidas a tamparem os posts?

Ao menos posso ir preparar algum chocolote ou algum chá. Sinto o frio emanado da tela a atingir-me. Também?

Google pune empresas com más avaliações. Será que sobre ela também?

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Ah, gosto quando está a chegar o Natal. Mas ainda não é sobre ele que pretendo escrever.

O Google mudou seu algoritmo de busca para que empresas que tenhas más avaliações na internet sejam prejudicadas no ranking de “mais acessados”. Até aí parece uma ótima coisa. Afinal, precisamos de alguns filtros para auxiliar em nossas buscas. Às vezes as primeiras páginas de busca retornam sempre os mesmos resultados, principalmente quando é algo relacionado à alguma empresa ou com nome parecido de assuntos mais populares. Poderia ser um indício de uma busca mais inteligente? Sim, poderia. Mas estas inovações também me deixam um pouco receoso.

Embora pouquíssimo divulgados em blogs e em sites, eles pretendem utilizar este mesmo mecanismo para punir quem falar mal do Google. Se eles já começaram com isso ou até que ponto tudo isto é realmente verdade, não sei. O fato é que parece muito real, ainda mais que de vez em quando eles tentam algum proposta deste tipo. Diante de pouca aceitação, acabam desistindo.

Toda esta inteligência da internet permite um controle muito maior sobre o que é produzido. Por isso que não gosto muito destes monopólios virtuais. Com um clique, algum empresa pode alterar a informação, criar, inventar, fazer o que quiser. Se este post não aparecer no Google, já sei o porquê. (hehe)

Até mais,

Búfalo

O Corcunda de Notre-Dame pode ter existido

Quasímodo

A famosa personagem do romance de Vitor Hugo, o Quasímodo, mais conhecido como o Corcunda de Notre-Dame, pode ter existido. É o que relata indícios achados nas memórias de Henry Sibson, escultor que trabalhava na catedral quando o escritor escrevia o romance.

É uma situação curiosa. Afinal, quantas personagens presentes na ficção não podem ter existidos? Ou baseados em pessoas próximas do autor da obra? Às vezes nem tão próximas assim, pode ter sido mesmo fruto de alguma observação distante do autor, talvez dia após dia observando alguém que sempre passava pelo café em que estava. Talvez.

Ou mesmo, quantas pessoas que acreditamos que tenham existido e talvez nunca tenham? Ou cujas histórias foram magnificamente adicionadas? Não sei.

Talvez essa seja a graça disso tudo.

Até mais,

Búfalo